Amostras Biológicas: Práticas para evitar a contaminação

O desenvolvimento de boas práticas laboratoriais clínicas e não-clínicas é fundamental para que se garanta a legitimidade da pesquisa/processo científico. Nesse contexto, as amostras biológicas em questão deve passar por uma série de regulamentações legais, desde sua coleta até seu descarte residual, tendo em vista os riscos tanto de comprometimento da bioanálise realizada, como do potencial de contaminação externa. Por isso, são indispensáveis a adoção de boas práticas protocolares, a aplicação de sistemas de monitoramento e de medidas microbiológicas preventivas e a documentação analítica de toda a cadeia de processos envolvidos na análise.

Amostras biológicas são quaisquer materiais coletados que sejam de origem humana ou animal, como secreções corporais, fragmentos teciduais ou viscerais. Sendo assim, a disposição dessas amostras para pesquisas biomédicas, diagnósticos ou análises de monitoramento prevê um gerenciamento adequado, que deve ser cumprido, essencialmente, em todas as seguintes etapas de manuseio laboratorial:

1. Coleta e Documentação do Serviço

A elaboração de um Procedimento Operacional Padrão (POP) é o primeiro passo para prosseguir com o gerenciamento de amostras biológicas. Devem ser documentadas a descrição dos objetos e dos objetivos de estudo, o potencial e comportamento biológicos da amostra, os equipamentos, seus requisitos de operação e padrões de calibração, os locais e condições apropriados de armazenamento e observações especiais do serviço ou do processo. Tem-se, dessa forma, o GMPP (Good Microbiological Practices and Procedures), isto é, o código básico de boas práticas laboratoriais e infraestruturais que oferecem um panorama geral da análise e uma organização consensual para um transcorrer seguro.

2. Armazenamento e Transporte

Deve-se adotar as recomendações previamente descritas no GMPP do serviço. Nesse processo, equipamentos ou recipientes resistentes, rastreáveis e não violáveis (impossibilidade de contaminação cruzada) garantem a integridade do armazenamento/transporte. É importante ressaltar que, sobretudo para esta etapa, o preparo técnico e emocional dos profissionais responsáveis pelo manuseio e pelo transporte das amostras é um ponto essencial a ser considerado, já que contaminações, derramamentos ou vazamentos podem ocorrer acidentalmente. Além disso, é recomendável que o controle de qualidade e o monitoramento das condições da amostra sejam realizados novamente, conforme estabelecido inicialmente pelo GMPP em questão, sempre que houver transporte físico/laboratorial do material.

3. Descontaminação e Descarte Residual

Por fim, são analisados e descontaminados todos os materiais e superfícies de equipamentos laboratoriais, de transporte e de armazenamento que potencialmente afetados pelas amostras biológicas durante o processo, cumprindo, portanto, os parâmetros de biossegurança para a identificação, separação e descontaminação/descarte desses materiais. Sabendo-se os produtos biológicos descartáveis, que, novamente, já foram especificados pelo GMPP, a tabela a seguir sugere o tratamento adequado desses resíduos.

Figura 1: Categorias de materiais de resíduos de laboratório segregados e seu tratamento recomendado

Fonte: Manual de Biossegurança Laboratorial (World Health Organization, 2020)

Observação Final

O gerenciamento processual do serviço também deve levar em consideração a harmonia no ambiente de trabalho. Nesse sentido, todos devem concordar quanto a requisitos básicos de biossegurança (EPI, manuseio, limpeza e conduta no espaço laboratorial), para que estejam cientes de toda cadeia produtiva e dos potenciais riscos ergonômicos, estruturais e químicos a que o laboratório pode ser exposto e para que realizem seus respectivos trabalhos de modo seguro, conforme orienta a tabela do Manual de Biossegurança Laboratorial:

  Figura 2: Treinamento a ser implementado para a equipe do laboratório

Fonte: Manual de Biossegurança Laboratorial (World Health Organization, 2020)

Para cada serviço desenvolvido, há um conjunto de normas e cumprimentos legislativos necessários baseados no potencial biológico das amostras trabalhadas. Sugere-se, assim, que a adoção de materiais de referência, de manuais de biossegurança e das práticas de regulamentação com órgãos competentes é imprescindível para a elaboração do protocolo a ser seguido para cada circunstância do serviço. A orientação, por exemplo, pelas certificações da ISO (Organização Internacional de Padronização) oferece a conduta adequada aos processos empresariais a partir da padronização de procedimentos e de tratamento para diversos segmentos do mercado científico.

É evidente, portanto, que as demandas do gerenciamento apropriado de amostras biológicas, bem como a documentação e a avaliação de riscos em potencial, fundamentam toda a cadeia processual do serviço oferecido, revelando-se requisitos indispensáveis para a garantia de ambientes seguros de laboratório, de transporte e de armazenagem desses materiais.  , a proposta do serviço é otimizada em tempo, em recursos financeiros e em redução de riscos biológicos ao meio externo, potencializando o crescimento e fundamentando, no mercado, a legitimidade da empresa.

Refererências

ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 20, de 10 de abril de 2014. Dispõe sobre o regulamento sanitário para o transporte de material biológico humano. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 11 abr. 2014. 

REDRUP, Michael J. et al. Sample Management: Recommendation for Best Practices and Harmonization from the Global Bioanalysis Consortium Harmonization Team. The AAPS Journal, v. 18, n. 2, p. 290–293, 28 mar. 2016. 

U.S. Department of Health and Human Services. Biosafety in Microbiological and Biomedical Laboratories. 6th ed. Washington, D.C.: U.S. Government Printing Office, 2009.

WHO. World Health Organization. Laboratory biosafety manual. 4th ed. Geneva: World Health Organization, 2020.