A Biotecnologia dourada, ou mais especificamente, a bioinformática, é uma área inovadora em ascensão na intercessão entre as ciências biológicas e da informação. Atua principalmente acelerando o processamento de sistemas complexos, ou que seriam muito demorados para compreender.
Além de sequenciamento genético, desenvolvido durante o Projeto Genoma humano, alguns dos exemplos de sua contribuição para a sociedade são a aceleração de nossa resposta à recente pandemia do vírus SARS-CoV-2, e mais para a área ambiental, a compreensão de processos ecológicos, e identificação de áreas de risco.
Na ecologia, a bioinformática desempenha um papel crucial, especialmente na análise de dados sobre biodiversidade e na modelagem de cenários ecológicos complexos, onde as interações entre organismos e o ambiente são altamente intrincadas. Atualmente, muitos bancos de dados estão disponíveis online, acessíveis para qualquer pessoa com conexão à internet.
Há bases de dados com enfoque em catalogar e identificar áreas de hotspots, ou seja, regiões de alta biodiversidade e sob forte ameaça atualmente, com menos de 25% de seu tamanho original. A base de dados Biodiversity Hotspots, publicada pela Conservation International traz a biogeografia das espécies e dos Hotspots de forma bastante clara e interativa. Todos os dados estão disponíveis para livre acesso, o que facilita a divulgação das informações.
Figura 1 – Mapa da base de dados Biodiversity Hotspots, do site Critical Ecosystem Partnership Fund, separados por investimento.
Acesso em 15/09/2024, pelo site: https://www.cepf.net/node/1996
A bioinformática também está se desenvolvendo na simulação de estruturas moleculares complexas, como as proteínas. A compreensão das estruturas proteicas nos ajuda a entender sua função e efeito no organismo, o que é muito útil, especialmente para o desenvolvimento de vacinas.
Durante a pandemia de covid-19, acelerou em alguns anos a pesquisa, identificando alvos para medicamentos, candidatos a medicamentos que não haviam sido considerados antes, e simulando o efeito de vacinas digitalmente, o que também barateou os custos do processo. Não apenas isso, mas seu uso identificou padrões que indicavam quais pacientes precisavam de cuidados urgentes, distribuindo com mais eficiência a assistência médica.
Esta é apenas uma fração de exemplos da expressividade de aplicações desta área que está em constante desenvolvimento, e suas aplicações não se limitam à comunidade científica! Podem ser das mais rebuscadas como a leitura de variação de campo elétrico de um microporo, às mais cotidianas, como o uso de alguns aplicativos de saúde e fitness, que utilizam algoritmos de bioinformática para analisar dados como batimentos cardíacos e padrões de sono, ajudando as pessoas a monitorar e melhorar a própria saúde. Já parou para pensar em como a bioinformática pode ajudar na sua vida?
Referências Bibliográficas:
Meira, D. D.; et al. Bioinformatics and Molecular Biology Tools for Diagnosis, Prevention, Treatment and Prognosis of COVID-19. Heliyon, p. e34393–e34393, 1 jul. 2024.
Silva, L. G.; Santos, L. O. BIOINFORMATICS APPLICATIONS IN RESEARCH ON BIODIVERSITY AND ECOLOGY. PERIÓDICO TCHÊ QUÍMICA, v. 06, n. 12, p. 51–55, 20 ago. 2009.
Levitt, M.; Sharon, R. Accurate simulation of protein dynamics in solution. Proc. Nati. Acad. Sci. USA , v. 85, p. 7557–7561, out. 1988.